Desde a época da criação do Acre, pelo Tratado de Petrópolis (de 1903), o Brasil
tem a dívida para com a Bolívia da "construção de caminhos de ferro ou outras obras tendentes a melhorar as comunicações para desenvolver o commercio entre os dois paize".
A famosa Estrada de Ferro Madeira-Mamoré que nunca foi efetivada, sempre representou uma esperança para aquela região.
Observando-se o mapa abaixo, vemos que a continuação da navegação fluvial a montante de Porto Velho,
passando pelas hidroelétricas de Santo Antônio e Jirau - construídas "a fio d'água", chegando até Guajará-Mirim(RO) - irá conectar o trecho navegável do rio Madeira com os rios Mamoré e Guaporé,
chegando até o Norte do Estado de Mato Grosso, próximo a cidade de Mato Grosso - Vila Bela da Santíssima Trindade, a Oete de Cuiabá(MT) e Cáceres(MT).
Tendo em conta os excelentes resultados alcançados com a construção das duas UHE's Jirau e Sto.Antônio, que foram feitas utilizando a moderna tecnologia "a fio d'água",
proporcionando o aproveitamento hidroelétrico sem a necessidade de usinas com grandes reservatórios - veja Enstudo Jirau/Sto.Antônio -
está na hora de se iniciar os estudos do trecho do rio Madeira e Mamoré da foz do Abunã até Guajara-Mirim, que deve ser feito com o concurso de autoridades da Bolívia,
num projeto bi-nacional.
2) ESTUDO DAS CORREDEIRAS
Vamos fazer um estudo das corredeiras encontradas neste trecho.
O rio Madeira e o Mamoré neste trecho, aprezenta um desnivel acentuado, proporcionando o aparecimento de diversas corredeiras. Selecionamos 5
locais para o estudo; inicialmente, a 35 quilômetros ao Sul da foz do Abunã e a 10 quilômetros ao Norte do Puerto bolivano de Nueva Esperanza, temos
1) ARARAS, mais 14 quilômetros 2) PERIQUITOS, mais 17 quilômetros 3) 7 QUEDAS,
mais 19 quilômetros 4) FOZ DO BENI e mais 28 quilômetros 5) BANANEIRAS que está a 20 quilômetros de Guajará-Mirim.
Entrando pelo Beni na Bolívia, temos logo à 30 km a Cachuela Esperanza, que é extremo navegável mais a jusante dos rios Beni e Madre de Dios.
Estes são locais onde haverá necessidade de estudo para melhoria e sinalização de canais de navegação
(a ser feito antes do enchimento da/s repreza/s), para possibilitar a segurança em sua futura navegação,
através de competente desrrocamento.
Veja estas posições na imágem do Google Earth abaixo
Este trecho dos rios Madeira e Mamoré também pode ser visualizado pela imágem do Google Earth anexa.
Da foz do Abunã até o Igarapé Taquara (logo ao Norte da Ilha das Araras) estamos no Município de Porto Velho; daí até o rio da Lage
(logo ao Sul da foz do Beni) estamos no Município de Nova Mamoré; para o Sul estamos no Municídio de Guajará-Mirim.
Pelo lado bolivano, da foz do Abunã até a foz do Beni, estamos no Departamento de Pando, cuja Capital é Cobija (junta às cidades de Epitaciolândi e Brasileia no Acre);
daí para o Sul estamos no Departamento do Beni, cuja capital é Santísima Trinidad (bem ao Sul, no interior da Bolívia). Neste Departamento, mais próximo, temos a cidade de
Riberalta na junção dos rios Beni e Madre de Diós (a 85 km de Guayaramerín e 100 km da foz do Beni).
3) ESTRURA CARTOGRÁFICA DE APOIO
A cartografia básica da região é encontrada na escala 1:100.000, disponível pela Diretoria do Serviço Geográfico do Exército;
existindo também, uma cartografia básica, na escala 1:50.000 feita feita pelo Instituto Geográfico Militar da Bolívia, conforme articulação a seguir apresentada.
Podendo ser visualizado a estruturação das folhas pelo Google Earth anexo.
A cartografia da DSG pode ser vista no formato "pdf" em MI541,
MI1610, e MI1676.
Existindo também um levantamento na escala 1:50.000 do trecho da foz do Abunã até a foz do Beni, feito em 1914 pela "Comissão Mista Demarcadora de Limites Brasileiro-Bolíviana" em 1914,
apresentado detalhadamente as corredeiras, com a linha limite perfeitamente definida, para a adjudicação das ilhotas aí existentes.
4) ESTRURA ALTIMÉTRICA
Consultando a Rede de Nivelamento do IBGE na região, verificamos que no trecho entre as Corredeiras Araras e 7 Quedas os níveis das RN's
estão próximos dos 99. metros.
Conforme Relatórios das Estações localizadas próximo as barrancas do rio Madeira RN770D, RN770E,
RN770G, RN770J, RN770N,
estão todas a pouco mais de 99. metros; somente encontramos RN's com um pouco mais de Altitude Ortométrica, próximo à corredeira de 7 Quedas,
RN770R, RN770S e RN770T.
Assim, considerando que o nível no projeto da UHE Jirau, foi previsto chegar aos 90. metros, acreditamos ser possivel continuar a
navegabilidade nas duas primeiras corredeiras, Araras e Periquitos, apenas com trabalhos de dragagem e abertuda de Canais de Navegação.
Indicamos então a região da Corredeira de 7 Quedas, como o mais apropriado para a construção de uma hidroelétrica "a fio d'água", com um desnivel de menos de
20. metros.
Na margem do rio Madeira (ao Sul da foz do Abunã) existe um levantamento (de setembro.2011) feito pela firma
Setentrião Topografia Georreferenciada Ltda, com finalidade de Georreferenciamento
para o INCRA, onde podemos encontrar uma
série de pontos monumentados.
Naturalmente, esta é uma primeira apreciação das informações disponíveis na região, devendo ser realizado esudos mais detalhados,
para se chegar a uma conclusão, se apenas com
a construção de uma hidroelétrica é o suficiente para resolver o problema da navegabilidade neste trecho do rio.
5) VIAGEM NA REGIÃO
Em março.2013 tivemos oportunidade de percorrer toda a BR-425, desde a foz do Abunã até Guajará-Mirim, determinando os níveis do rio Madeira nesta
época do ano (agora que as hidroelétricas de Jirau e St.Antônio iniciaram seu funcionamento.
Contando com o apoio da Prefeitura de Nova Mamoré, procuramos localizar Marcos Geodésicos e diversas RN's na região. Constatamos que a maioria deles (estabelecidos na década de 1970)
foram destruídos. Assim mesmo, conseguimos localizar os seguintes marcos do IBGE: Sat90001(veja foto),
RN770Z(veja foto),
Sat91100(veja foto), RN771A(veja foto),
Sat90996(veja foto) e Sat91102 (veja foto).
Por certo, este é apenas um estudo preliminar, que deverá ser complementado, com maiores levantamentos locais e logicamente com ai necessária cooperação
das autoridadeS bolivianas. Mas gostaríamos de lembrar que nas discuções sobre a Politização da Energia na Amazônia, comparando-se as vantagens
e desvantagens das Hidroelétricas "a fio d'água", a vista das Hidroelétricas de Energia Firme (com grandes reservatórios), e até mesmo com as limpas
eólicas e solar, a possibilidade de se estender uma hidrovia navegável por estas regiões, se fazem fartamente compensatórias aos problemas de custos
ambientais e sociais, que uma nova fonte de energia barata se apresenta para a região.
De imediato, o contato com as autoridades encarregadas da navegação interior da ANTAQ, mais precisamente com a Superintendência de Navegação Interiorm (SNI),
é extremamente importante.
* Engenheiro Cartógrafo (pelo IME) e Master of Science (pela Ohio State University - US)